Biocombustíveis em alta: impactos no preço e na sustentabilidade dos combustíveis

Sexta-feira, 01/08/2025

Começou a valer nesta sexta-feira (01/08/2025) a nova determinação do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) que aumenta a proporção de biocombustíveis na mistura dos combustíveis fósseis vendidos no Brasil. Agora, a gasolina tem 30% de etanol em sua composição, contra os 27% anteriores, enquanto o diesel passa a conter 15% de biodiesel, um ponto percentual a mais que a mistura antiga.

Essa alteração faz parte de uma estratégia do governo brasileiro para reduzir a dependência internacional de petróleo, sobretudo diante das tensões geopolíticas no Oriente Médio, que aumentam a volatilidade dos preços globais do combustível. Os biocombustíveis, que são produzidos internamente e têm características menos poluentes, ajudam a suavizar essas oscilações de preço, além de impulsionarem a economia do setor agrícola e energético local.

A expectativa é de que a maior presença de etanol na gasolina possa levar a uma pequena redução do preço ao consumidor, estimada em até R$ 0,02 por litro, especialmente durante o pico da safra de cana-de-açúcar, quando a oferta do etanol está mais alta. Já o aumento do biodiesel na mistura deve pressionar o preço do diesel para cima, também em cerca de R$ 0,02 por litro, pois o biodiesel é mais caro do que o diesel tradicional extraído do petróleo.

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Impactos no preço dos combustíveis e na economia

O aumento do percentual de etanol na gasolina pode ser vantajoso para os motoristas, pois o combustível renovável com base na cana-de-açúcar é mais abundante e pode baratear o custo para o consumidor em um cenário de safra cheia. Contudo, após o término da safra, há risco de elevação nos valores, o que exige atenção dos consumidores para as oscilações de mercado.

No caso do diesel, a adição maior do biodiesel — proveniente principalmente do óleo de soja — deve elevar o custo final do combustível nas bombas. Apesar disso, especialistas indicam que essa diferença de preço tende a ser discreta, podendo ser ofuscada por variações comuns entre diferentes postos de combustível na mesma região.

Além do impacto direto no bolso do consumidor, a ampliação do uso de biodiesel também movimenta setores agrícolas e industriais correlatos, como na produção de farelo de soja, usado na alimentação animal. Essa cadeia produtiva pode se beneficiar com o aumento da oferta, promovendo uma redução nos custos para a produção de carnes e outros derivados.

Contexto ambiental e estratégico

Os biocombustíveis são vistos como uma alternativa mais sustentável em comparação aos derivados do petróleo, com menor emissão de gases poluentes. A ampliação da mistura de etanol e biodiesel contribui para a diminuição do impacto ambiental do transporte rodoviário, que ainda é majoritariamente dependente dos combustíveis fósseis.

Essa política de incentivo ao uso de biocombustíveis também se encaixa na estratégia brasileira de valorizar a produção interna e garantir maior segurança energética nacional, diminuindo a vulnerabilidade a crises externas que afetam o preço e a oferta do petróleo.

Tendências e recomendações para o consumidor

Para os motoristas, além da atenção ao preço praticado nos postos, vale lembrar que o veículo deve ser compatível com os teores recomendados de etanol e biodiesel para garantir bom desempenho e evitar danos mecânicos. O consumo com combustível mais alcoólico pode variar, sendo essencial monitorar o rendimento e adequar o abastecimento às necessidades do carro.

Em meio a mudanças frequentes no mercado de combustíveis, a diversificação com biocombustíveis representa um avanço integrado entre sustentabilidade e economia, que deve ser acompanhada de perto nos próximos meses para entender seus efeitos reais no bolso do cidadão.

Impacto do aumento de etanol na gasolina no rendimento e autonomia do veículo

Embora o aumento da mistura de etanol na gasolina para 30% ajude a reduzir os custos e as emissões, é importante entender que o etanol tem uma densidade energética menor que a gasolina tradicional. Isso significa que, em geral, a gasolina com maior proporção de etanol pode fornecer menos energia por litro do que a gasolina com menor teor alcoólico.

Na prática, essa característica pode levar a uma redução do rendimento do combustível, ou seja, o veículo pode percorrer uma distância menor com a mesma quantidade de litros abastecidos. Essa redução de autonomia ocorre porque o etanol contém cerca de 30% a 34% menos energia por litro do que a gasolina pura.

Por exemplo, um carro cuja autonomia seja normalmente 10 km por litro com gasolina contendo 27% de etanol (E27) pode ver essa distância cair proporcionalmente ao aumento do etanol para 30% (E30), embora a variação seja sutil para o consumidor comum. Portanto, em decorrência da maior presença de etanol, o motorista pode precisar abastecer um pouco mais frequentemente para manter o mesmo percurso rodado.

Veículos flex, que são calibrados para operar com diferentes proporções de etanol e gasolina, conseguem ajustar automaticamente a mistura para otimizar o uso do combustível. Entretanto, o rendimento específico sempre estará sujeito à composição energética do combustível fornecido. Para veículos não flex, a alteração na mistura pode impactar ainda mais o desempenho e a autonomia, exigindo atenção redobrada.

Assim, embora o preço por litro da gasolina com 30% de etanol possa ser menor e trazer economia ao consumidor, o custo por quilômetro rodado pode sofrer pequenas mudanças, visto que o motor precisará usar um volume maior de combustível para manter o mesmo nível de desempenho e autonomia.

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